Escolha de materiais mais crus e brutos que, ao mesmo tempo, deixam o espaço mais irreverente e econômico
As arquitetas Barbara Penha e Pauline Moraes criaram juntas o Lavabo Funcional de 11 m² para a Casa Cor Paraná 2016, em um prédio de muita história e que estava há algum tempo em desuso. Elas se inspiraram no movimento da arquitetura industrial, que surgiu na década de 50 em Nova York, tomando partido dos prédios que antes eram fábricas e foram abandonados, transformando-os em edifícios habitacionais ou comerciais, mas preservando suas características originais – como paredes em concreto aparente, tijolos a vista e tubulações e fiações aparentes.
Esse conceito está em todo o espaço, mostrando simplicidade e honestidade na escolha dos materiais. Todos têm uma cara mais crua e bruta e uma solução fora das linhas tradicionais e comerciais, para impactar o público com um projeto que é, ao mesmo tempo, funcional e irreverente – e, acima de tudo, se diferencia do senso comum.
O Lavabo Funcional é a prova de que os materiais, mesmo que simples, como o concreto aparente, quando utilizados da forma correta, se tornam nobres e belos, aliados aos objetos decorativos, uma vez que todos foram garimpados um a um e escolhidos a dedo para que se adequassem ao conceito. Alguns, inclusive, foram confeccionados especialmente para esse projeto.
As cabines do banheiro foram produzidas sob medida, fugindo um pouco do que se está acostumado a encontrar em lavabos funcionais atualmente. Reproduzindo a estrutura de um container como divisórias, o ambiente é 100% funcional, oferecendo praticidade da execução à manutenção, perfeito para a rotina agitada dos dias de hoje.
Os recursos tecnológicos aplicados estão apresentados indiretamente e foram desenvolvidos pelos fornecedores por meio de técnicas de corte a laser, confecção de materiais com maior durabilidade e resistência à água, lâmpadas com maior eficiência energética, entre outros.
A diferença, também, está na não utilização de revestimento. As profissionais apostaram em materiais bastante simples e básicos, um estilo que não necessita de um orçamento alto, voltado para quem busca boa estética com baixo custo, tornando-o acessível a todos os públicos.
A sustentabilidade está, ainda, na possibilidade de reutilização de muitos objetos e materiais, tanto para a decoração como para os revestimentos. Dentro desse conceito, peças que seriam descartadas podem ser recicladas, o que agrega ainda mais valor ao ambiente, por sua história e personalidade, como as luminárias industriais, vasos e vasilhas antigas e outros detalhes que compõem o espaço.
Destaque para a poltrona Butterfluy, fabricada pela Casalecchi, que foi escolhida por seu design diferenciado, leve e funcional, e que contrapõe com os outros elementos de decoração. Foi projetada em 1938, pelo arquiteto espanhol Antonio Bonet e pelos argentinos Juan Kurchan e Jorge Ferrari-Hardou. No acervo do MoMA desde 1944, a Butterfly vem superando tendências e faz parte da cultura pop internacional. Há também a tela com o trabalho gráfico de um artista local, Caio Moraes (conhecido como Fungo), feita especialmente para o espaço.
Sobre as profissionais:
Bárbara Penha e Pauline Moraes participam pela primeira vez da Casa Cor Paraná. Fundaram, em 2010, a Penha Moraes Arquitetura, após se graduarem na mesma turma de Arquitetura e Urbanismo pela PUC/PR em 2008. Com personalidades e objetivos muito parecidos, decidiram unir suas aptidões para estruturar o escritório.
Crédito de imagem: Marcelo Stammer
Fonte: Lide Multimídia
