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O artista brasileiro Tulio Dek faz intervenção pública pioneira no parque urbano Jardim do Torel – Lisboa

Jardim do Torel, Lisboa

25 de setembro a 15 de novembro 2020

Curadoria: Rui Afonso Santos

[Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa]

Apoio: Junta da Freguesia de Santo Antônio, Lisboa e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa]

 Entrada gratuita

No dia 25 de setembro de 2020, será inaugurada no Jardim do Torel, em Lisboa, uma instalação de grande porte, criada pelo artista brasileiro Tulio Dek. É a primeira vez que um artista realiza um projeto dentro de um parque urbano público em Portugal. Com uma imensa área verde, instalado em três patamares no alto de uma das sete colinas de Lisboa, o Jardim do Torel é um mirante, e permite uma vista privilegiada da cidade. Ao lado do elevador mais antigo da cidade, um de seus lagos foi transformado em “praia” no verão.

Rui Afonso Santos, curador do Museu Nacional de Arte Contemporânea, em Lisboa, afirma que “é muito importante a intervenção de Tulio Dek no Jardim do Torel, única no seu gênero, e, pela sua qualidade, é extremamente rara no panorama artístico português”. Ele salienta que “com preocupações ecologistas e humanistas deste cariz, nunca foram feitas em Portugal, intervenções nesta escala, e com esta natureza”.

Tulio Dek fez uma intervenção nos três planos do parque, utilizando o percurso iniciado pelo alto. Ao longo da primeira área verde, o artista instalou 500 tocos de árvores decepadas, com altura entre 50 e 85cm, e diâmetros variáveis de 20 a 50 centímetros. Os troncos, oriundos de bosques queimados, foram cedidos pelo governo de Portugal.

“Vejo os jovens mergulhados em mídias sociais, alienados, e quis levar para a dimensão do real um alerta para a importância da preservação do planeta”, conta o artista. Nascido em Goiânia, Tulio Dek passou a infância em contato com as matas.

“Os protestos são em sua maioria feitos pela internet, e acabam por ter um alcance efêmero. Ao caminhar por entre os troncos calcinados no Parque do Torel, as pessoas vão sentir, vão imaginar, o que é uma floresta devastada. Vão lidar com uma destruição real na sua frente”, diz. “Se não protegermos a natureza, vamos proteger quem? O que está acontecendo no mundo?”, indaga.

Continuando o percurso, que leva a um patamar abaixo na encosta, o público chegará a uma fonte, que irá jorrar uma água tingida de preto, em alusão a vazamentos de petróleo. Atrás da fonte, um grande luminoso azul anunciará a frase “I can’t stop these tears from falling” (“Não consigo impedir essas lágrimas de caírem”).

Ali perto será instalada uma cabana de madeira, grafitada pelo artista, como um abrigo, um local de acolhimento, onde estarão sacos com sementes de nove árvores nativas de Portugal. O público poderá levar punhados dessas sementes para plantarem em outros locais. “É como uma volta, em que se pode devolver árvores ao país”, observa Dek.

Rui Afonso Santos, curador do Museu Nacional de Arte Contemporânea, de Lisboa, escreve no texto que acompanha a exposição-intervenção que Tulio Dek, “artista contemporâneo multidisciplinar, pintor, escultor, performer e activista, é autor de uma obra artística única e singular, diluindo os parâmetros entre alta e baixa cultura. A sua pintura, em contínua transformação, é fortemente gráfica e interventiva, e nela slogans eficazes e fundamentais de cariz sempre humanista coexistem com pictogramas simplificados, num mix distinto, de grande qualidade visual”.

O curador observa ainda que “este contraste entre o natural e o edénico que o próprio jardim-miradouro do Torel recria e o artificial da actual e selvática cultura do consumo e do desperdício consciencializará os visitantes para a necessidade de adoptar condutas responsáveis”.

APOIO DO GOVERNO PORTUGUÊS

O projeto teve desde o início o apoio do governo português. A Junta de Freguesia de Santo Antônio, em Lisboa, presidida por Vasco Morgado (Lisboa, 1974), responsável pela área, e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que irá propor aos seus oito mil alunos que vejam a instalação e a partir dela desenvolvam projetos.

“Com minha intervenção, pretendo levar arte para os jovens, ao mesmo tempo em que podem se conscientizar, através da emoção, para a necessidade de preservação do planeta”, explica o artista. “É um projeto de arte, de grande porte, com abordagem socioambiental”, define. Será realizado um tour virtual, de modo a que o projeto possa ser visto globalmente.

Tulio Dek afirma que “gostaria de levar esta instalação para parques brasileiros”. Está prevista, para depois da pandemia, uma exposição individual do artista na TNT Galeria, no Fashion Mall, no Rio de Janeiro. Em outubro deste ano, está programada uma exposição de pinturas inéditas na galeria Square Onde Contemporary Art Agency, em Lisboa.

Cristina Cruz, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, “Lisboa, setembro de 2020, estaremos eventualmente a sair de um período de confinamento, onde o espaço público e o contacto com a natureza ganhou um significado muito especial. Enquanto estivemos em casa sentimos “falta de ar”, falta de “verde”, falta de espaço, falta de mistério! Mas até que ponto as dificuldades do momento, e as que se avizinham, nos vão dar tempo para perceber o que a natureza, e em particular a floresta, nos dá. De uma floresta saudável recebemos madeira, proteção, ar mais puro, água mais limpa ambientes mais amenos, biodiversidade, oportunidades recreativas, valores espirituais e históricos, e muito, muito, mais… Mas quantos de nós sabem disto? A instalação feita por Tulio Dek, no jardim do Torel em pleno coração de Lisboa, surpreende os nossos sentidos ao transportar-nos para um mundo sem florestas funcionais onde falta segurança, conforto, beleza; falta tudo! O forte impacto visual que a instalação causa no visitante que busca um jardim e encontra uma floresta devastada, devolve-nos às nossas responsabilidades sociais de cuidar do planeta contribuindo para a  conscientização da sociedade, incluindo os jovens sobre a importancia da preservação da natureza.”

RESIDÊNCIA ARTÍSTICA EM PORTUGAL

Tulio Dek está fazendo uma residência artística em Portugal desde o início de 2019, e se dedicou mais de um ano ao projeto da intervenção no Jardim do Torel. Previsto inicialmente para abril, o projeto foi adiado por conta da pandemia do Covid 19. “Portugal ficou em lockdown entre março e junho, quando então começou lentamente a abrir, mas com medidas restritivas de segurança sanitária”, explica.

SOBRE O ARTISTA

Tulio Dek (1985, Goiânia) é pintor, escultor, músico, compositor e poeta. Mudou-se, durante sua adolescência, com a família para o Rio de Janeiro.  Entre 2015 e 2017, estudou escultura em Florença, Itália, e em setembro de 2018 passou um mês em uma residência artística em Lisboa, que resultou em trabalhos expostos na mostra coletiva “Anotações Contemporâneas”, no Tomaz Hipólito Studio, em Marvila, na capital portuguesa. Em dezembro daquele ano, suas obras integraram uma mostra coletiva na Square One Contemporary Art Agency, em Lisboa, com curadoria de Rui Afonso Santos, do Museu de Arte Contemporânea, no Chiado, que também assinaria a individual do artista programada para o primeiro trimestre de 2019, na Square One Contemporary Art Agency, que foi adiada por conta da pandemia. No Brasil, em 2018, integrou a coletiva “Somos Todos Iguais”, no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro, com curadoria de Marco Antonio Teobaldo, e em dezembro daquele ano, e com o mesmo curador, fez sua primeira mostra individual, “Reflexo”, na TNT Arte Galeria, no Rio.  Em janeiro de 2019, Tulio Dek fez uma grande intervenção no Memorial Vargas, no Rio, onde usou como suporte para suas pinturas tecidos com padronagem alusiva ao pijama usado por Getúlio (1882-1954). Desde 2019 reside em Portugal, onde desenvolve vários projetos e produz para exposições locais.

 

 

Por CWeA Comunicação

Imagem: Divulgação

 

 

 

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