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MAM São Paulo exibe cenário mais amplo da Semana de 22 em exposição com obras de diferentes regiões brasileiras

Com curadoria de Aracy A. Amaral e Regina Teixeira de Barros, exposição traz obras de artistas modernistas de diversos estados do país e amplia no tempo e no espaço o legado da Semana de 22, abrangendo tanto seus antecedentes, quanto seus desdobramentos

Paisagem brasileira, 1925, Lasar Segall | Foto: Digitalização de Jorge Bastos e Carnaval em Madureira, 1924, Tarsila do Amaral | Foto: Isabella Matheus

A virada do século 19 para o 20 trouxe uma forte vontade de renovação em todo o Brasil. Os núcleos urbanos começavam vivamente a se alterar em regiões como Amazonas e Pará, o neoclassicismo e ecletismo emergia na arquitetura do Rio de Janeiro, a abertura de novas avenidas alterava a vida urbana e, em São Paulo, fábricas surgiam com a chegada de imigrantes europeus. Artistas e escritores de vários quadrantes do país também se atentavam às mudanças que ocorriam nas artes e cultura europeias. Esse cenário amplo e repleto de mudanças é apresentado em Moderno onde? Moderno quando? A Semana de 22 como motivação, exposição com curadoria de Aracy A. Amaral e Regina Teixeira de Barros, que estreia em 4 de setembro no Museu de Arte Moderna de São Paulo. A mostra tem patrocínio do Bradesco, do Credit Suisse e da KPMG.

A proposta da exposição é trazer ao público uma reflexão sobre a Semana de 22, para além de uma apreciação assertiva, e fugir das respostas certas ou prontas. “Reza o senso comum que a Semana de 22 foi um divisor de águas entre o velho e o novo. Entretanto, se nos debruçarmos sobre a produção (artística, musical, arquitetônica, literária) que antecede a Semana – e nos permitirmos considerar outras localidades do país além de São Paulo – encontraremos incontáveis evidências de que a Semana faz parte de um amplo (e descontínuo) processo que a extrapola, tanto temporal quanto espacialmente”, explicam as curadoras.

Aracy e Regina contextualizaram a Semana de Arte Moderna em um cenário amplo, com obras de artistas de distintas regiões do país, enfatizando a ideia de que a arte moderna não esteve restrita a São Paulo. A mostra será dividida em três núcleos: os pré-modernistas, as obras e os artistas participantes do evento no Theatro Municipal, e os desdobramentos do movimento até 1937.

Para demarcar o arco temporal da mostra, foi eleito o período da virada do século, em 1900, até a implementação do Estado Novo por Getúlio Vargas, em 1937. O ano de 1900 representa o espírito da Belle Époque, período entre o fim do século 19 e começo do 20 marcado por transformações culturais, artísticas e tecnológicas.

Assuntos como as renovações urbanas estão exemplificados em diferentes linguagens artísticas, seja na pintura de Eliseu Visconti, que retrata a reforma promovida por Pereira Passos no Rio de Janeiro, ou na fotografia de Valério Vieira, sobre a inauguração do Theatro Municipal de São Paulo.

Temas igualmente atraentes para o pintor da vida moderna – como o lazer e o trabalho – figuram lado a lado com obras de temáticas próprias ao universo artístico: modelos, ateliês e autorretratos. Apocalíptica, crítica ou bem-humorada, a imaginação se faz presente na pintura do manauara Manoel Santiago, nas ilustrações de Alvim Corrêa e nas colagens fotográficas de Valério Vieira.

Para além desses artistas que precederam a Semana, uma série de personagens dela sucedentes são igualmente significativos para a arte moderna no Brasil. A tentativa de traduzir a ideia de brasilidade em uma imagem, por exemplo, está estampada nas reminiscências de infância de Cícero Dias, nas paisagens pau-brasil de Tarsila do Amaral e nos tipos populares registrados por Di Cavalcanti (pós-Semana) e Lasar Segall.

À medida que a década de 1930 avança, os tipos brasileiros passam a ser espelhados sobretudo nos trabalhadores rurais e nos operários. A arte ganha uma tônica engajada nas telas de Candido Portinari e Raimundo Cela, bem como nas gravuras de Lívio Abramo. Por outro lado, os ventos surrealistas deixaram marcas na pintura antropofágica de Tarsila, no essencialismo de Ismael Nery, bem como nos questionamentos teológicos de Flavio de Carvalho.

Segundo Cauê Alves, curador-chefe do MAM, “mais do que uma celebração do centenário da Semana de 22, o MAM contribui para a pesquisa e reflexão sobre o que significou esse evento, seus antecedentes e desdobramentos. A exposição certamente irá contribuir para redefinir a importância histórica da Semana de 22 e ampliar a compreensão do modernismo como um acontecimento nacional”. Os integrantes de Moderno onde? Moderno quando? são artistas imigrantes radicados no Brasil ou nascidos em municípios de diversas regiões do país, onde havia grupos se organizando. “Eram artistas, intelectuais, literatos, todos com vontade de renovação e alteração de rumos. Os paulistas viajavam pelo Brasil e entravam em contato com grupos de diferentes regiões, como Sul, Norte e Nordeste, trocando conhecimento. A Semana faz parte de um processo muito maior do que o evento em São Paulo”, explicam as curadoras.

Um conjunto de obras icônicas e representativas de cada artista será exibido na mostra em diferentes suportes, como pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, fotografias, ilustrações, além de maquetes e trechos de poemas lançados no período. Uma seleção de capas de livros e revistas, charges, músicas populares e eruditas será projetada em espaço único da exposição, compondo um vídeo que também reúne uma cronologia com imagens dos principais acontecimentos políticos, sociais e culturais transcorridos entre 1900 e 1937.

“Ao longo do ano de 2021, a programação do MAM e de seu setor educativo abordam a magnitude do modernismo no Brasil. Esta mostra dá continuidade às reflexões acerca do tema e conta com a colaboração de diversas instituições e coleções privadas, reforçando as parcerias do MAM”, comenta Elizabeth Machado, presidente do museu.

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Protocolo para visitação

O MAM São Paulo segue um rigoroso protocolo de saúde e higiene implementado em colaboração com a equipe da Consultoria do Hospital Israelita Albert Einstein, além de adotar medidas de proteção estabelecidas pelos órgãos brasileiros de Saúde Pública. A entrada à exposição é gratuita, com a possibilidade de o público contribuir com o valor que quiser. Os ingressos serão disponibilizados online (https://www.mam.org.br/ingresso) e as visitas ocorrerão com hora marcada. O número de pessoas por sala é limitado, o uso de máscara é obrigatório e dispositivos de álcool em gel estão distribuídos em pontos estratégicos do Museu.

Lista completa de artistas

Abigail de Andrade, Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Almeida Júnior, Alvim Corrêa, Anita Malfatti, Antonio Garcia Moya, Antonio Gomide, Artur Timótheo da Costa, Candido Portinari, Carlos Oswald, Cícero Dias, Eliseu d’Angelo Visconti, Emiliano Di Cavalcanti, Estevão Silva, Flavio de Carvalho, Gregori Warchavchik, Ignácio da Costa Ferreira (Ferrignac), Ismael Nery, Joaquim do Rego Monteiro, John Graz, Lasar Segall, Lívio Abramo, Manoel Santiago, Oswaldo Goeldi, Raimundo Cela, Regina Gomide Graz, Rodolfo Chambelland, Tarsila do Amaral, Valério Vieira, Vicente do Rego Monteiro, Victor Brecheret, Victor Dubugras, Wilheim Haarberg e Zina Aita.

Sobre o catálogo

A exposição contará com um abrangente catálogo organizado pelas curadoras, que apresenta, em cerca de 200 páginas, um conjunto de textos inéditos de oito autores convidados. Aldrin Moura de Figueiredo escreve sobre o modernismo brasileiro a partir da Amazônia; Ana Maria de Moraes Belluzzo traz um panorama sobre a instalação do modernismo nas artes plásticas no Brasil; Cacá Machado discorre sobre a cultura musical nas diferentes modernidades brasileiras; Durval Muniz de Albuquerque Júnior trata sobre as disputas em torno do moderno e do modernismo no Nordeste; Felipe Chaimovich apresenta os antecedentes das artes plásticas na Semana de 22 e a relação com a família Prado; Luiz Felipe Alencastro aborda a questão política, econômica e social no país no período; e Ruy Castro questiona a história da Semana de 22 e de seus protagonistas, com uma série de perguntas e comentários provocadores. Rachel Vallego desenvolve a cronologia do período de 1930 a 1937.

O catálogo será lançado enquanto a mostra estiver em cartaz, em data a confirmar.

Sobre as curadoras

Aracy A. Amaral é crítica, curadora e historiadora da arte. Professora titular de História da Arte da FAUUSP e bolsista da Fapesp e da Fundação Calouste Gulbenkian, é formada em Jornalismo pela PUC-SP, com mestrado pela FFLCH USP e doutorado pela ECA-USP (1971). Diretora da Pinacoteca do Estado (1975-1979), Fundação Bienal de São Paulo (1980) e do Museu de Arte Contemporânea da USP (1982-1986). Fellowship da Simon Guggenheim Memorial Foundation (1978) e membro do Prince Claus Awards Committee (2002-2005), Haia. Autora e organizadora de livros e publicações sobre arte no Brasil e na América Latina. Curadora de exposições no Brasil e no exterior.

Regina Teixeira de Barros é doutora em Estética e História da Arte pela USP. Coordenou a equipe de pesquisa e a edição do Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral (2006-2008). Foi curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 2003 e 2015, onde realizou diversas exposições, entre as quais Tarsila viajante (Pinacoteca e Malba, Buenos Aires, 2008) e Arte no Brasil: uma história do modernismo (2013). Em 2018 recebeu prêmios da ABCA e da APCA pela mostra Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna (MAM, 2017). Em parceria com Aracy Amaral, realizou a curadoria de Tarsila: estudos e anotações (Fábrica de Arte Marcos Amaro, Itu, 2020).

Sobre o MAM São Paulo

Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

O Museu mantém uma ampla grade de atividades, que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu integram-se visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com deficiência.

Serviço

Moderno onde? Moderno quando? A Semana de 22 como motivação
Curadoria: Aracy A. Amaral e Regina Teixeira de Barros
Período expositivo: 4 de setembro a 12 de dezembro
Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo
Endereço: Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)
Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)
Telefone: (11) 5085-1300

Entrada gratuita, com contribuição sugerida. Agendamento prévio necessário.

Ingressos disponibilizados online em https://www.mam.org.br/ingresso

Acesso para pessoas com deficiência
Restaurante/café
Ar-condicionado

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