Em entrevista exclusiva para a Revista Use Design, Eduardo Turquetto atual presidente da ABCasa compartilha os desafios desta edição e expectativas para 2021
Atenta às demandas de seus associados neste cenário de pandemia e no impacto que ela causou às empresas, a ABCasa (Associação Brasileira de Artigos para Casa, Decoração,Presentes, Utilidades Domésticas, Festas e Flores) inaugurou essa semana o calendário de feiras e eventos, após meses de isolamento social, no Expo Center Norte, em São Paulo, seguindo todos os protocolos de segurança do setor de eventos e adequações que evitam aglomerações, garantindo a saúde e o bem-estar dos participantes.
A realização da feira neste mês de outubro oferece uma grande oportunidade de negócios para os lojistas abastecerem seus estoques para o final do ano, reaquecendo a cadeia produtiva.
Em uma pesquisa inédita realizada pela ABCasa e pelo instituto IEMI-Inteligência de Mercado estas questões se confirmam, com a revelação dos impactos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), no hábito de compra dos consumidores dos segmentos de cama, mesa e banho, utilidades domésticas e artigos decorativos. A pesquisa foi realizada entre os dias 3 e 8 de junho com 404 consumidores de todo o Brasil, que compraram ou planejam comprar artigos dos segmentos analisados. Foram ouvidos homens (42%) e mulheres (58%) acima de 25 anos com poder de compra entre as classes A/E.
A pesquisa apontou que 57% das pessoas entrevistadas, apesar da pandemia, fizeram compras de produtos do segmento. E 68% disseram que necessitavam fazer uma troca de produtos para a casa e dentre os artigos mais comprados do segmento analisado, 44% foram de Utilidades Domésticas, 37% de Cama, Mesa e Banho, e 19% de Artigos Decorativos.
Estes dadosmostram que o mercado “casa” continua aquecido, e que mesmo depois da pandemia, muitos dos entrevistados continuarão fazendo compras online, e outros disseram que voltarão a fazer compras em lojas físicas.
Confira abaixo o que Eduardo Turquetto, presidente da ABCasa, compartilhou conosco durante entrevista exclusiva para a revista Use Design: os desafios, expectativas e a reação do mercado nessa primeira edição pós isolamento social, realizando abertura do calendário de eventos do setor:
Esse “novo normal” nos faz repensar muitas ações e situações do dia a dia das pessoas e empresas. Como foi o processo de abertura da feira nesta fase, o que mudou?
Sim, de fato muita coisa mudou. Entretanto, mesmo antes desta edição chegar ao fim estamos satisfeitos com os resultados, por propiciar o ambiente ideal para os negócios em um momento de real necessidade para consumo no período e para os primeiros meses de 2021. Toda equipe recebeu elogios pela iniciativa, e pelo recorde em vendas registrado desde o primeiro dia desta edição, o que nos deixou muito felizes.O mercado está sedento por produtos, e de fato precisando dessa retomada porque, devido à pandemia, as pessoas passaram a valorizar a casa e a reconhecendo como lar.Essas descobertas causaram uma busca por redecorar os espaços para deixá-los mais confortáveis e funcionais, priorizando a família e, assim as pessoas passaram a comprar os mais variados itens, como tapetes, móveis, artigos para iluminação, colchões, eletrodomésticos e UD.
Fale sobre o desafio em ser a primeira feira do setor a retomar as ações, neste momento de “passagem e reta final” de pandemia, logo após ter assumido a presidência da ABCASA.
Assumi a presidência da ABCasa num primeiro momento como mandato “tampão” em função da saída do presidente anterior, e posteriormente vieram as novas eleições da ABCasa. Sobre a pandemia, no começo, foi um susto terrível, mas reestruturamos tudo rapidamente. Costumo dizer que os empresários brasileiros estão preparados para as adversidades: conseguimos juntos realocar, ajustar e nos preparamos para manter o calendário inicial das feiras, porém, percebemos que não haveria a possibilidade daquelas datas, pois o vírus não deu trégua. Em seguida, o mercado teve baixa dos estoques.Aguardamos até o dia 09 de outubro pela liberação para a realização do evento.Tivemos aproximadamente dez dias para“levantarmos” a feira e a comemoração foi geral; foi nítida a alegria e a emoção dos expositores em participar novamente da feira, e também ver os colaboradores felizes e emotivos por retomarem suas atividades.
Sobre as eleições de agosto em que fui eleito,me senti muito honrado em dar continuidade ao trabalho da associação, com os desafios habituais, e os novos, reflexos da pandemia. Agora, abrimos a feira seguindo todos os protocolos exigidos pelo governo e conseguimos fazer dela um sucesso. Isso fortalece as empresas e renova a confiança de todos.
Com relação aos preparativos dos lojistas para a Black Friday e o Natal, que são grandes datas para o varejo, como você analisa o comportamento de compras dos lojistas durante esta edição?
A movimentação dos lojistas está intensa e a expectativa está alta. Conversamos com muitos dos nossos visitantes, e eles sentem a mesma coisa:que será um dos melhores natais para o comércio na história do país, por diversos motivos, mas também porque as pessoas não farão viagens internacionais, logo, as casas serão decoradas para reunir as famílias e amigos. E com a demanda aumentando, a falta de diversas matérias-primas e algumas dificuldades de importação por conta da pandemia, pode ocorrer um maior desabastecimento. É preciso que o setor tenha perspicácia e bastante cuidado para manter o equilíbrio.
Já existe uma nova data para a próxima edição da ABCasa em 2021?
Finalizando esta edição de outubro, logo comunicaremos a próxima com exatidão, mas adianto que a agenda da segunda quinzena de fevereiro já está reservada para o nosso próximo encontro com o setor.
Em 2021 provavelmente não será concedido o auxílio emergencial. Você acredita que a economia continuará aquecida?
Eu creio que sim, porque há demanda reprimida, então existem grandes possibilidades de que este ritmo se mantenha. Inúmeras empresas expositoras já venderam suas produções de janeiro e fevereiro. Logo, como existe a possibilidade de falta de produtos, os lojistas atuam com antecipação de pedidos.A própria demanda reprimida, aliada ao dólar neste patamar, entre outros quesitos, acredito sim, em uma economia aquecida para o próximo ano.
Por Revista USE