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CASACOR São Paulo revela as tendências do paisagismo e mostra as espécies que podem estar na sua casa

O paisagismo surgiu no momento em que o homem sentiu a necessidade de modificar o ambiente em que vivia, tendo em vista a beleza e o bem-estar. Um dos principais conceitos do paisagismo é harmonizar a relação entre o homem e a natureza. Inspirados pelo tema “A Casa Viva“, os arquitetos e paisagistas trouxeram o verde para os ambientes da 32ª edição CASACOR São Paulo e investiram na diversificação das espécies mostrando que possível cultivar inúmeras variedades – nativas ou não – em casa.

A arquiteta e paisagista Daniela Sedo é fã das espécies tropicais nativas, que tiveram preferência no “Jardim Sustentável“. O destaque do ambiente de 40m² é o antúrio gigante (Anthurim salvinii), uma espécie rara que, embora não esteja em extinção, é muito difícil de ser encontrada no mercado. Há também vários exemplares de justícia-rosa (Megakepasma erythrochlamys), usados como cerca viva, além de diversas espécies de filodendros e impatiens em tons de vermelho e magenta. Em todo o jardim, foi aplicada uma cobertura de lrtuguesaascas de borracha proveniente de pneus descartados, para a proteção do solo.

Inspirada na contemplação dos quatro elementos da natureza, a “Casa Cosentino, criada por Debora Aguiar, tem como proposta levar o verde de fora para dentro dos espaços, sem fronteiras entre o in e o out. Pensando nisso, o jardim projetado pela paisagista Thalita Vitachi elegeu como protagonista o frondoso e presente Pau Ferro. As composições nascem sob a copa dessa belíssima árvore nativa, trazendo leveza e aconchego para a área externa. Os canteiros que ladeiam a piscina UNLIMITED e a lareira externa servem como vitrine para as bromélias imperiais, filodendros e arbustos.

As áreas internas e externas da “Cozinha Matriz“, espaço da Triart Arquitetura, receberam paisagismo de Clariça Lima, que enfatizou a cor verde em diversos detalhes, como na estante que ganhou espécies resistentes como a Peperômia MelanciaSamambaia AmazonasCissus e pendentes Teteronia. O espaço interno contou também com uma jabuticabeira alta, que destaca o pé direito do Jockey. Outro elemento que auxiliou nessa composição foi a escultura do artista plástico cubano Jorge Mayet, uma árvore suspensa no centro da escada. Para a área externa foram escolhidos lírios gigantesasplênio e filodendro angolano, plantas ideias para sombra e meia sombra.

No “Jardim da Tartuferia“, Bia Abreu investiu em espécies exóticas, ervas e frutas para uso dos chefs do restaurante. Além disso, a paisagista trabalhou com Mendinilas e seus cachos ornamentais, as exóticas e delicadas Orquídeas Tutti-Fruttiassim como a também exótica palmeira Laca que chama a atenção pelo colorido vermelho vivo que ganha destaque em meio à folhagem intensa. Um jardim de espécies aquáticas com mini papiros, sombrinha chinesa, alface d’água, aguapé e ninféia, que foram utilizadas em cilindros de aço corten, além de aguçar a curiosidade dos visitantes, também funciona como uma solução para pequenos espaços.

Com projeto assinado por Clariça Lima, o “Co-Living” traz espécies vegetais tropicais com folhas largas e predominantemente verdes, como guaimbês, filodendros ondulados, fícus lyratas e fícus elástica. Vale ressaltar que, apesar da predominância do verde nas folhagens, a paisagista buscou trazer espécies com diferentes texturas de folhas para compor e dar profundidade nas floreiras.

No centro do jardim ela trabalhou com vegetações em tons arroxeados, como as marantas medalhão e filodendros roxos, trazendo um composto vegetal que difere e destaca-se do resto do jardim.

Desenhado a quatro mãos, Thalita Vitachi uniu sua expertise de paisagista a do agrônomo Armando Salvador, para criar o “Jardim Deca. Os profissionais se inspiraram nos parques urbanos de Los Angeles, EUA, e incorporam a natureza suavemente à construção, trazendo sustentabilidade e leveza sem perder a elegância. A vegetação exuberante e escultural traz vida e frescor, com destaque para a espécie brasileira Carandá (Copernicia Alba), palmeira imponente que é acompanhada por cactáceas e suculentas, enriquecendo o paisagismo com suas texturas e tons de verde nos canteiros adjacentes às escadas. As espécies, com baixa exigência hídrica, configuram uma facilidade para um jardim tranquilo que convida à contemplação.

O jardim “Paisagens de Luz” dos arquitetos e designers Luciana Pitombo e Felipe Stracci contou com diversas espécies raras nativas de vários lugares do Brasil. Elas foram escolhidas para deixar o espaço destinado ao coletivo ainda mais especial e único. A Philodendron pinatifidium é nativa da Amazônia e ainda pouco utilizada no paisagismo ornamental. É uma planta de produção exclusiva da J. Pompeo Botânica Ornamental. A Xantorreia glauca é uma planta com formação genética pré-histórica e considerada uma espécie rara. Sua produção é realizada em viveiros especialistas. Frequentemente é confundida com o dasilirio, que é uma espécie mais difundida no mercado.

No espaço “Recinto do Bosque“, do arquiteto Gabriel de Lucca, as floreiras com espécies como peperômia pendente foram a escolha para decorar em torno do espelho. A espécie selecionada é adequada para ambientes internos e lugares onde há sombra. Além disso, a espécie resiste ao longo de toda a exposição, então foi a escolha perfeita para decorar o projeto. O interessante dessa planta suculenta de fácil cultivo, é que a peperômia é muito resistente e precisa de pouca água.

Todas as espécies do jardim criado por Elaine Kalil e Mauricio Ferre são nativas do país. A dupla buscou, pela variação de volumes e texturas, compor uma vegetação que parecesse natural no espaço “Brasil de Origem“Tentamos sempre fazer com que a mão do homem não seja perceptível para darmos a impressão de que a mata existia antes da nossa intervenção”, diz Mauricio. Intercalando alturas, há árvores maiores, como palmeiras-jerivá, seguidas por dedaleirosoitis quaresmeiras-do-brejo. As camadas inferiores são formadas por helicôniasciclantoscalatheas, além de marantas e bromélias.

A “Praça CASACOR“, assinada por Catê Poli e João Jadão, é formada por três áreas independentes, onde o verde é predominante. Para contrastar com a aridez da praça, sem nenhuma árvore, a dupla trouxe jabuticabeiras, cerejeiras e palmeiras, além de arbustos em vários tons. A sustentabilidade também foi uma preocupação, já que todas as estruturas poderão ser reaproveitadas: os pergolados, por exemplo, são desmontáveis.

O crepúsculo é o tema do “Jardim do Entardecer“, de Myrian Marques. No espaço, de 28 m², as Hespérides, ninfas gregas que personificam o entardecer, foram a inspiração da designer floral, que faz sua estreia na mostra. Um jardim vertical revestido de gramíneas e heras — mais uma inspiração na mitologia — recebe a impressão do rosto de uma deusa, criando harmonia entre a arte e vegetação. Oliveiras e romãzeiras em vasos reforçam a atmosfera onírica que presta homenagem ao feminino. Um banco de madeira ecológica convida o visitante a sentar e apreciar a paisagem.

Como uma continuação do ambiente de João Armentano, o “Jardim da Villa Olivo“, assinado por Daniel Nunes, é um espaço de contemplação desenvolvido a partir da oliveira centenária que abraça da arquitetura. Heterogêneo e minimalista, o projeto é tomado pelo preto. O objetivo dos tons escuros é contrastar com o verde azulado das folhas da árvore e dos canteiros de alecrins. Destaque para os painéis de madeira, que foram carbonizados utilizando a técnica japonesa shou sugi ban.

O desafio de criar um jardim orgânico em uma área ampla de 200 m² foi cumprido com maestria pela dupla Gabriela Gaunzer e Rejane Heiden em sua estreia na mostra. O agave, espécie protagonista do jardim que leva o seu nome e circula os espaços de convivência e o deque, aparece em duas versões: a tradicional e em flor, com hastes altas. Uma área coberta de areia com pedras e uma pira ao centro faz referência a elementos da cultura mexicana pré-colombiana. Do outro lado, o jardim traz móveis e revestimentos em tons de rosa, cinza e preto. Todas as plantas do projeto são rústicas e de fácil manutenção, destaque para a pinanga e a echevéria rosa.

No projeto do “Jardim do Refúgio“, criado a quatro mãos por Alexandre Furcolin e a designer de interiores Marina Linhares, conta com apenas uma parede e utiliza-se do vidro para que o morador possa apreciar o entorno. Para conviver com as árvores que já estavam no local, como pitangueiras e araçás, foram acrescentados marantas, filodendros e calatheas, entre outras espécies. “O grande desafio é imitar a natureza e criar um paisagismo exuberante, mas que não seja impositivo”, explica Alexandre.

Em sua 22ª participação na CASACOR, o paisagista Roberto Riscala assina um jardim de 275 m² permeado por espaços de convivência. O “Jardim das Casas” apresenta vasos com plantas comestíveis não convencionais (as chamadas pancs, muito usadas na gastronomia contemporânea por chefs renomados), colmeias hexagonais em muros verdes, tinas de madeira com frutíferas e suculentas que se harmonizam em meio aos cobogós desenhados por Zanini de Zanine.

Um jardim para passar a tarde. Essa é a proposta de Rodrigo Oliveira para o “Jardim da Casa do Relógio,área 330 m², que se volta para o projeto de Dado Castello Branco. “A ideia foi aproveitar ao máximo a área externa para receber, porque Casa Viva — conceito da CASACOR 2018 — é isso”, revela Rodrigo. Há uma mesa de refeições, um sofá para relaxar e o imponente fogo de chão, que completa a atmosfera calorosa. A árvore pau-brasil é a principal espécie no jardim. Também chamam a atenção o arbusto elaeagnus ao fundo, a pitanga-anã, que atrai passarinhos, e o ornamental alecrim-australiano — estas últimas espécies pouco usadas em projetos paisagísticos nacionais.

A 32ª edição da CASACOR São Paulo acontece até o dia 29 de julho, no Jockey Club de São Paulo.

Serviço: CASACOR São Paulo

De 22 de maio e 29 de julho

Terça a sábado, das 12h às 21h – Domingo, das 12h às 20h

Jockey Club de São Paulo – Avenida Lineu de Paula Machado, 875

De terça a quinta-feira: Ingresso inteiro: R$ 60/Meia entrada: R$ 30

De sexta a domingo e feriados: Ingresso inteiro: R$ 76/Meia entrada: R$ 38

Passaporte Único: R$ 180

Valet: R$ 35

Sobre a CASACOR

Empresa do Grupo Abril, a CASACOR é reconhecida como a maior e melhor mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo das Américas. O evento reúne anualmente prestigiados arquitetos, decoradores e paisagistas. Em 2018, são 17 praças nacionais: São Paulo, Bahia, Brasília, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina (Florianópolis e Itapema) e, pela primeira vez, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. A mostra acontece ainda em quatro praças internacionais: Bolívia, Estados Unidos, Paraguai e Peru.

 

 

Por Renata Maffeis

Imagens: Divulgação

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